Terça-feira, 20 de Novembro de 1906João Franco leva ao Parlamento a questão dos adiantamentos à família real00412



João Franco apresenta ao Parlamento a questão dos adiantamentos à família real, admitindo que o Ministério da Fazenda procedia, de há muito, a «adiantamentos» de somas avultadas aos membros da família real.
Como a família real nunca tivesse regularizado integralmente essas dívidas, que representavam soma muito avultada, embora nunca apurada com rigor, o governo pretendia agora, por um lado, aumentar a lista civil do rei de 100 para 190 contos e, por outro, proceder a um acerto de contas que passava, designadamente, pelo não pagamento pelo Estado de rendas referentes a prédios pertencentes à coroa e a venda ao Estado do iate real D. Amélia.
As consequências foram desastrosas para a monarquia, destacando-se a virulência dos ataques republicanos, que exigiam a abdicação do rei, quando João Franco, afinal, pretendia essencialmente liquidar politicamente os partidos do rotativismo, autores dos adiantamentos ilegais, ao mesmo tempo que visava "regularizar" o passivo, estabelecendo novas regras para o futuro.
A 20 de Novembro, na Câmara dos Deputados, o deputado republicano
Afonso Costa aborda a questão dos adiantamentos à Casa Real, exigindo conhecer as datas e os autores de tais actos e inquirindo das providências previstas pelo governo para apuramento das responsabilidades.
O Presidente da Câmara dos Deputados interrompe-o, afirmando que está a discutir "a pessoa do Rei", enquanto João Franco exige a sua expulsão. Tomás Pizarro expulsa o deputado Afonso Costa, logo intimado a abandonar a sala pela polícia. Recusando-se, "é levado para os Passos Perdidos, à coronhada, com outros deputados republicanos!", sendo, no dia seguinte, Afonso Costa e
Alexandre Braga expulsos do Parlamento por um mês. (in História do Regimen Republicano em Portugal)
Em todo o país, organizam-se comícios e manifestações de solidariedade com os dirigentes republicanos e de protesto contra o governo, violentamente atacado na imprensa republicana.
Perante a amplitude dos protestos, João Franco fará aprovar, 11 de Março de 1907, uma nova lei de imprensa, mais conhecida por «lei contra a imprensa».
«Façam a revolução já, ou não lha deixo fazer!» terá então afirmado João Franco sobre o movimento republicano.
ano:
1906 | tema:
Vida Política