Terça-feira, 4 de Outubro de 1910Forças revoltosas concentram-se na Rotunda00623



Elementos civis armados, quase todos da Carbonária, comandados por Alberto Meireles, e militares republicanos convergem para a Rotunda (actual Praça Marquês de Pombal) e levantam improvisadas barricadas. Pouco passa das três da manhã. O reduto revolucionário, onde chegarão a estar entre 200 a 400 elementos, apenas dispõe de oito peças para sustentar a sua defesa contra os 4470 soldados e os 3771 polícias controlados pelo estado-maior monárquico. Machado Santos assume o comando, mas as notícias que vão chegando não são muito animadoras, falhada a adesão de diversas unidades militares, em que os civis armados não conseguiram entrar ou em que os oficiais sublevados não conseguiram tomar o controlo, a Marinha tarda em dar sinal de si e diversos dirigentes políticos do Directório do Partido Republicano não comparecem nos locais combinados.
É na Rotunda que
Machado Santos toma conhecimento, cerca das sete da manhã, da morte de Cândido dos Reis, notícia que oculta a todos os demais. Entretanto, os oficiais do Exército considerando o movimento já derrotado pela falta de adesão de muitas unidades, abandonam a Rotunda cerca das oito da manhã. Apenas aí ficam 9 sargentos, todos da Carbonária, que manifestam a Machado Santos a sua adesão: "Nós morremos aqui ao lado de Vossa Senhoria", alguns cadetes da Escola do Exército que entretanto se apresentam e oito peças de artilharia. A multidão começa entretanto a convergir para a Rotunda, sendo, a custo, os populares mandados dirigir-se para o Rossio, para aí envolverem os soldados e os levarem a tomar o partido dos revoltosos.
Os primeiros confrontos dão-se com um pelotão da Guarda Municipal (vindo do quartel do Cabeço da Bola), que é destroçado pelas bombas ("a artilharia civil") e tiros de pistola de alguns civis postados entre a rua Alexandre Herculano e a rua das Pretas.
Entretanto, os comandos monárquicos decidem atacar a Rotunda, mas levaram mais de quatro horas a reunir forças para essa operação, que só se iniciaria ao meio-dia e meia, sob o comando do coronel Alexandre Albuquerque e contando com tropas de Infantaria 16, Infantaria 2, Cavalaria 2 e quatro peças de artilharia a cavalo da bateria de Queluz, comandadas pelo capitão Henrique Paiva Couceiro, que se junta à coluna governamental em Sete Rios e avança para a Penitenciária, onde, cerca do meio dia e meia hora, inicia o bombardeamento da Rotunda.
A sua força viu-se, no entanto, atingida por três granadas disparadas do quartel de Artilharia 1, que puseram em debandada metade dos homens, ao mesmo tempo que os tiros disparados a partir da Rotunda impediam a aproximação da força do coronel Albuquerque. Às quatro da tarde, o general Carvalhal, um dos comandantes das forças monárquicas, dava ordem de retirada às forças ainda concentradas em Sete Rios
No meio do combate, regressa um dos oficiais, o alferes Camacho Brandão, a quem será entregue o comando das peças de artilharia, tendo comandado o fogo durante a luta com "tanta serenidade e com um movimento de braços tão compassados como se estivesse dirigindo a orquestra de S. Carlos!".
ano:
1910 | tema:
Vida Política