Sexta-feira, 7 de Outubro de 1910Autópsia de Cândido dos Reis00644
Autópsia do vice-almirante
Cândido dos Reis, cujo funeral será organizado conjuntamente com o do médico e propagandista republicano Dr.
Miguel Bombarda. Sobre a morte de Cândido dos Reis corriam várias interpretações, esgrimindo-se argumentos sobre se teria sido suicídio ou assassinato. O cadáver entrou na morgue dia 4 de Outubro, pelas 8 da manhã. Tinha sido encontrado na Travessa das Freiras, junto ao Hospital de Arroios, caído de costas com o rosto um pouco voltado para o lado direito, tendo ao seu lado um revólver. Tinha uma ferida de bala, de forma estrelada, na região temporal direita. Fora um tiro à queima roupa e a bala pertenceria a um revolver Smith & Weston ou Abbadie (Cândido dos Reis tinha, efectivamente, um revólver daquela primeira marca).
Corria também que um indivíduo atirara sobre ele, tentando matar o chefe da revolução. Circulava o boato que alguém vira desaparecer um vulto estranho de tal local ermo. Viam uma ligação entre o assassinato de Miguel Bombarda e Cândido dos Reis. Argumentavam que Cândido dos Reis teria dito que ía para casa de sua irmã (na Rua Maria, Bairro Andrade) e o seu cadáver aparecera num local inusitado, afastado do percurso que normalmente faria. O certo é que não apareceram elementos comprovativos da tese do assassinato. Por outro lado, os que defendiam a tese do suicídio criam que Cândido dos Reis se matara para não ser preso ou desterrado, acreditando que o plano revolucionário falhara. Ora, na verdade, o movimento revolucionário já estava em marcha.
ano:
1910 | tema:
Vida Política