Sábado, 6 de Julho de 1912Segunda incursão monárquica.01798

As forças monárquicas refugiadas na Galiza, organizadas em três colunas, comandadas por Vítor Sepúlveda (tenente da Marinha), e pelos capitães Paiva Couceiro e Mário de Sousa Dias, lançam a segunda incursão em território nacional.
Esta segunda incursão monárquica junta "manuelistas" e os "miguelistas", reunindo cerca de 1.000 homens, desta feita bem armados e municiados, destacando-se ainda, além de Paiva Couceiro, a presença do legitimista
João de Almeida (Lavradio), antigo oficial austríaco. Também do ponto de vista político, esta incursão apresenta um verdadeiro programa de restauração monárquica, com ramificações em todo o país, largamente resultante da pacificação registada nas hostes monárquicas com o Pacto de Dover.
Sepúlveda lança um ataque contra Valença, repelido pelas forças republicanas. Mas o verdadeiro objectivo é a praça fortificada de Chaves, para onde convergem as outras duas colunas, ao mesmo tempo que se registam em toda a zona levantamentos pró-monárquicos de populações, instigadas pelo clero local (em Moreira de Rei e Vinhos, próximo de Fafe, em Celorico de Basto, em Mirandela, no distrito de Viana do Castelo, e em Chaves, onde civis tentaram apossar-se da artilharia da praça) e mesmo movimentações armadas, capitaneadas pelo padre Domingos, em Cabeceiras de Basto.
A República decretou o estado de sítio em Viana e em Braga, Montalegre e Chaves, enviando também para o Porto os cruzadores "Vasco da Gama" e "Almirante Reis" e chamando ao serviço extraordinário praças licenciadas.
No ataque a Chaves as colunas de Sousa Dias e de Paiva Couceiro não conseguem articular as suas forças e os defensores republicanos resistem ao fogo dos monárquicos, que são obrigados a bater em retirada para Espanha, deixando no terreno bastantes mortos, feridos e prisioneiros, entre os quais o lugar-tenente miguelista João de Almeida.
Esta incursão, que se prolonga entre 6 a 9 de Julho de 1912, saldando-se pela "vitória de Chaves" contra os "conspiradores" levou à designação em Lisboa, no 2º aniversário da República, da "Avenida dos Defensores de Chaves", originando também novos protestos diplomáticos junto do governo espanhol.
ano:
1912 | tema:
Violência (política)